Muitas vezes me pergunto o porquê de tanta gente querer saber qual seu orixá, se essas pessoas não querem entrar no candomblé?
A magia.
Somente ela explica o fascínio que existe em redor dos nossos deuses e esse fascínio que eles exercem sobre nós, mortais.
Acredito no desejo sincero que vejo em muitas pessoas que acorrem ao nosso blog em busca de informação, sobre como cuidar do orixá, o que fazer para agradá-lo e ter uma conduta própria de filho de orixá, mas existem alguns casos em que se busca uma barganha. Alguns pensam “Eu agrado o orixá e terei uma vida melhor”…
Na maior parte das vezes estamos orientando pessoas leigas ao candomblé e que não têm alguém que as oriente, que pegue pela mão e diga, é assim que se faz, o objetivo é esse. Tudo porque muitas casas não têm o seu tempo próprio. Aderiram à lógica do tempo humano, objetivo, e capitalista. Tempo é dinheiro, dentro e fora de alguns terreiros, mas sabemos que não deveria ser assim.
A casa de axé deve ser sentida como refúgio, um local em que você entra e sente paz.
Onde o silêncio quase sempre reina, somente o rebuliço dos mais jovens, o ralhar dos mais velhos, a troca de bênçãos, irrompe esse silêncio que preenche nossa alma. O tempo nesse lugar não é contado pelos ponteiros de um relógio, é contado pela posição do sol, pela necessidade de quem chega, pelas obrigações de quem mora ali.
O tempo, a paz, o silêncio, o respeito são quase palpáveis de tão presentes.
Muitas vezes aconselhamos a pessoa a conhecer a casa, as pessoas, o zelador, mas as maiores respostas estão dentro de nós. Na sensação que temos em cada lugar, em cada momento. Existe um aprendizado em cada um desses momentos que nos espera até que estejamos prontos para ver o que não víamos. E entender o que nos foi dito milhares de vezes, mas faltou a ficha cair para ver que a mensagem era mais complexa.
É muito importante esse contato com a casa, o estabelecimento de uma relação com o lugar e com as pessoas que estão ali. É uma família que vai adotar você, cuidar de você e do seu orixá.
Eu só conheci a casa onde estou e me bastou. Eu senti nela essa paz desde a primeira vez e, muitas vezes, vou até lá só para sentir de novo. Renova minhas forças, e eu queria compartilhar essa sensação. Desejo a todos que um dia sintam essa paz, se permitam senti-la.
Axé e vamos prosseguir!
Carol
Texto publicado em Outubro / 2009