Oxum é concebida por Iemanjá e Orunmilá
Um dia Orunmilá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séquito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Orunmilá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Orunmilá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Orunmilá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Orunmilá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Iemanjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Orunmilá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Iemanjá ficou grávida depois da visita a Orunmilá. Iemanjá deu a luz a uma linda menina. Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Orunmilá enviou Exu para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orunmilá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas marcas de nascença, que a criança mais nova de Iemanjá era de Orunmilá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Oxum.
(2)
Oxum exige a filha do rei em sacrifício
Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Oxum, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Oxum para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia um bela prenda, Oxum entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Oxum baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Oxum, Oxum só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Oxum recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Oxum devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.
(3)
Oxum Apará tem inveja de Oyá
Vivia Oxum no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta, sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Oxum, Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Oxum, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Oxum Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungun e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou, Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objecto, Oxum trancou Oyá pelo lado de fora, Oyá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiura. Oyá enlouqueceu, Oyá deixou este mundo.
Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oyá em orixá. Decidiu que a imagem de Oyá nunca seria esquecida por Oxum. Obatalá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oyá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
Um dia Orunmilá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séquito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Orunmilá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Orunmilá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Orunmilá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Orunmilá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Iemanjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Orunmilá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Iemanjá ficou grávida depois da visita a Orunmilá. Iemanjá deu a luz a uma linda menina. Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Orunmilá enviou Exu para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orunmilá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas marcas de nascença, que a criança mais nova de Iemanjá era de Orunmilá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Oxum.
(2)
Oxum exige a filha do rei em sacrifício
Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Oxum, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Oxum para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia um bela prenda, Oxum entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Oxum baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Oxum, Oxum só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Oxum recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Oxum devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.
(3)
Oxum Apará tem inveja de Oyá
Vivia Oxum no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta, sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Oxum, Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Oxum, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Oxum Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungun e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou, Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objecto, Oxum trancou Oyá pelo lado de fora, Oyá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiura. Oyá enlouqueceu, Oyá deixou este mundo.
Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oyá em orixá. Decidiu que a imagem de Oyá nunca seria esquecida por Oxum. Obatalá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oyá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001