A relação dos orixás com a natureza revela um culto milenar, alinhado a uma das maiores preocupações do nosso tempo: a preservação do meio ambiente.
“Omi kosi, éwè kosi, òrìsà kosi” é um ditado yorubá que significa: “sem água, sem folha, não há orixá”. O culto aos orixás realizado pelos yorubás, povo oriundo de regiões do Benin e da Nigéria, países da costa oeste africana, deu origem, aqui no Brasil, ao candomblé. De acordo com a religião, a natureza é um espaço sagrado, de comunhão entre o mundo espiritual e o material, que deve ser respeitado e bem cuidado. Esta concepção alinha o culto milenar a uma das maiores preocupações da atualidade: a preservação da biodiversidade.
Divindades e meio-ambiente estão tão unidos, na visão do candomblé, que não é possível haver culto sem a presença de elementos naturais, especialmente, folhas. “A primeira coisa que fiz quando cheguei aqui foi andar pela vizinhança procurando plantas e ervas para usar nos rituais ou como remédio, e trazer para o meu quintal”, conta Mãe Beata de Yemonjá, yalorixá (mãe-de-santo) do terreiro Ylê Omio Juàro (Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi), situado em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Aos 77 anos, ela é conselheira do Movimento Inter-Religioso e Presidente de Honra da ONG Criola, uma organização de mulheres negras.
Mãe Beata também é co-autora da cartilha Oku Abo Espaço Sagrado – Educação Ambiental para religiões afro-brasileiras, idealizada por seu filho consangüíneo Aderbal Ashogun. A cartilha busca conscientizar candomblecistas e umbandistas – o chamado “povo de santo” – a adotarem práticas ecológicas em suas oferendas. Usar folhas de mamona ou de bananeira no lugar de pratos de louça, substituir copos e garrafas de plástico ou de vidro por cuias de coco ou bambu, alertar para o perigo de incêndio causado por velas acesas sob as árvores e explicar sobre as áreas de proteção ambiental em que se pode ou não realizar rituais religiosos são alguns exemplos do que a cartilha ensina.
Forças da natureza
Os deuses do candomblé ketu, nação mais conhecida no Brasil, são os orixás, que podem ser definidos como as forças da natureza. Eles se fazem perceber em seus espaços e elementos sagrados, como rios, mares, matas, trovão e vento, pela manifestação no omorixá (filho-de-santo), conhecida como incorporação, e pela comunicação por meio do jogo de búzios. Nas festas e celebrações dos terreiros, cada orixá se manifesta em seu devoto e se faz reconhecer pela dança, vestimentas e alimentos preferidos.
Tradicionalmente, existem três nações ou tipos de candomblé: ketu (de origem yorubá, a qual pertence grande parte dos terreiros brasileiros), Banto ou Angola (trazido pelos povos do Congo e de Angola; nesta vertente, os deuses são chamados de nkisi) e jeje ou mina-jeje (oriundo das etnias ewe, fon, mina, fanti e ashanti, do atual Benin; estes cultuam os voduns). O respeito ao meio-ambiente, no entanto, é comum às três vertentes. “A nossa religião é ecológica, nossos deuses gostam da água limpa, das folhas sadias, não gostam de poluição”, afirma Mãe Beata.
Divindades e meio-ambiente estão tão unidos, na visão do candomblé, que não é possível haver culto sem a presença de elementos naturais, especialmente, folhas. “A primeira coisa que fiz quando cheguei aqui foi andar pela vizinhança procurando plantas e ervas para usar nos rituais ou como remédio, e trazer para o meu quintal”, conta Mãe Beata de Yemonjá, yalorixá (mãe-de-santo) do terreiro Ylê Omio Juàro (Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi), situado em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Aos 77 anos, ela é conselheira do Movimento Inter-Religioso e Presidente de Honra da ONG Criola, uma organização de mulheres negras.
Mãe Beata também é co-autora da cartilha Oku Abo Espaço Sagrado – Educação Ambiental para religiões afro-brasileiras, idealizada por seu filho consangüíneo Aderbal Ashogun. A cartilha busca conscientizar candomblecistas e umbandistas – o chamado “povo de santo” – a adotarem práticas ecológicas em suas oferendas. Usar folhas de mamona ou de bananeira no lugar de pratos de louça, substituir copos e garrafas de plástico ou de vidro por cuias de coco ou bambu, alertar para o perigo de incêndio causado por velas acesas sob as árvores e explicar sobre as áreas de proteção ambiental em que se pode ou não realizar rituais religiosos são alguns exemplos do que a cartilha ensina.
Forças da natureza
Os deuses do candomblé ketu, nação mais conhecida no Brasil, são os orixás, que podem ser definidos como as forças da natureza. Eles se fazem perceber em seus espaços e elementos sagrados, como rios, mares, matas, trovão e vento, pela manifestação no omorixá (filho-de-santo), conhecida como incorporação, e pela comunicação por meio do jogo de búzios. Nas festas e celebrações dos terreiros, cada orixá se manifesta em seu devoto e se faz reconhecer pela dança, vestimentas e alimentos preferidos.
Tradicionalmente, existem três nações ou tipos de candomblé: ketu (de origem yorubá, a qual pertence grande parte dos terreiros brasileiros), Banto ou Angola (trazido pelos povos do Congo e de Angola; nesta vertente, os deuses são chamados de nkisi) e jeje ou mina-jeje (oriundo das etnias ewe, fon, mina, fanti e ashanti, do atual Benin; estes cultuam os voduns). O respeito ao meio-ambiente, no entanto, é comum às três vertentes. “A nossa religião é ecológica, nossos deuses gostam da água limpa, das folhas sadias, não gostam de poluição”, afirma Mãe Beata.
Fonte: AfroEducação