quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Terreiros de candomblé da BA pedem que filhos-de-santo se declarem ao Censo 2010

A pouco mais de dois meses para o encerramento do Censo 2010, os terreiros de candomblé e umbanda da Bahia intensificaram uma campanha para que seus filhos-de-santo declarem aos pesquisadores serem adeptos dos cultos.

Segundo dados do último censo geral do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2000, apenas 0,49% da população de Salvador (aproximadamente 9.000 pessoas, à época) declarou pertencer a uma religião de matriz africana. Esse número é, proporcionalmente, bem menor que em capitais como Porto Alegre (2,5%) e Rio de Janeiro (1,2%).

“Levando-se em consideração que Salvador é considerada a cidade com o maior contingente negro fora da África, os dados confirmam que o sincretismo religioso no Estado acabou favorecendo, historicamente, religiões majoritárias, como a católica”, observou Joílson Rodrigues, coordenador de informação do IBGE na Bahia.

A campanha que pretende desvendar o real número de adeptos do candomblé e da umbanda na Bahia é feita pela internet, principalmente pelas redes sociais, além de mensagens por telefone, mala direta, contatos pessoais e distribuição de panfletos.

“Faço questão de conversar pessoalmente com meus filhos-de-santo, pedindo que eles não tenham vergonha da nossa indumentária, das nossas músicas, das nossas danças, ao contrário, que sintam orgulho de nossa cultura. Além disso, estou usando a internet e outros meios digitais para divulgar a campanha fora da Bahia”, afirmou o babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, mais conhecido como Babá Pecê de Oxumarê. Líder do terreiro Ilê Axé Oxumarê, fundado no século 19 e um dos mais tradicionais do Brasil, o babalorixá é o coordenador da campanha na Bahia.

No ano passado, o Coletivo de Entidades Negras (CEN) lançou a campanha “Quem é de axé diz que é” para estimular os filhos e filhas-de-santo a divulgarem que são adeptos dessas religiões. Com o início do Censo 2010, os terreiros da Bahia resolveram ampliar a iniciativa. O movimento popular conta com o apoio da Federal Nacional do Culto Afro-Brasileiro e outras associações ligadas à causa da intolerância religiosa.

“Queremos conscientizar o povo-de-santo sobre a importância de assumir a sua identidade religiosa com orgulho e, assim, chamar atenção da sociedade para a necessidade de criação de políticas públicas para nós, adeptos de religiões afro-brasileiras”, disse Marcos Rezende, coordenador-geral do CEN.

Um levantamento feito entre 2006 e 2007, pelas Secretarias Municipais de Reparação (Semur) e da Habitação (SMH), em parceria com o Ceao (Centro de Estudos Afro-Orientais, órgão da Universidade Federal da Bahia), revelou que existem 1.165 terreiros na capital baiana. Contudo, de acordo com estimativas do antropólogo Jocélio Teles, diretor do Ceao e coordenador da pesquisa, esse número é ainda maior. Na Bahia, a Federação do Culto Afro estima a existência de cerca de 4.000 terreiros.

“A campanha dos terreiros é importante porque, depois do Censo, teremos informações mais precisas para caracterizar o povo brasileiro”, acrescentou Joílson Rodrigues.
Fonte: UOL

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Café da manhã reúne candidatos e líderes de religião de matriz africana


O café da manhã no comitê de Valmir Assunção (1310), candidato a deputado federal, reuniu líderes religiosos de matriz africana, membros do coletivo de entidades negras (CEN) e contou com a presença do candidato a reeleição a deputado estadual, Bira Corôa (13613). No evento foram discutidos os compromissos dos candidatos com as ações políticas pelas lutas em defesa das religiões de Candomblé.

De acordo com Marcos Rezende, coordenador do CEN e mediador do debate, os grupos religiosos de matriz africana devem estar inseridos nas discussões para que agreguem visibilidade, espaço e poder político nas ações do Estado para os terreiros de Candomblé como reconhecimento da religião no contexto baiano. “Quem quer saber e conhecer de política define e dita os rumos da situação”, disse Marcos Rezende.

Bira Corôa e candidato a reeleição, falou das ações de seu mandato e de seu companheiro de luta Valmir Assunção em prol da promoção da igualdade e intolerância religiosa, a exemplo do Estatuto Estadual da Igualdade que aguarda aprovação. Também completou a fala de Marcos Rezende afirmando que poucas vezes as discussões políticas reuniram os grupos religiosos de matriz africana. “A negação dos debates políticos dá o direito a outros grupos se manisfestarem neste sentido”, pontuou Bira Corôa.

O candidato a deputado federal, Valmir Assunção lembrou de uma fala de Bira Corôa que diz que o trabalho deve ser coletivo. “Temos que dá visivilidade aos invisíveis, precisamos fazer este esforço, completa Valmir Assunção”. Disse também que apesar de não ser de candomblé, respeita a causa e propôs o cargo de Secretario de Desenvolvimento Social de Combate a pobreza a Arani Santana, mulher negra e religiosa de matriz africana. “Eu acredito que os terreiros precisam de mais políticas sociais”, conclui Valmir.

As discussões definiram como estratégia a tentativa de reforçar a posição de Jaques Wagner e Pinheiro em um debate entre o governo do Estado e os religiosos de matriz africana. Definiram também pontos a serem trabalhados pelos candidatos após as eleições.
Fonte: Assessoria de Comunicação Bira Corôa

sábado, 14 de agosto de 2010

Voto em Alaíde do Feijão até para ser Presidente do Brasil


Cá estamos nós em momentos de eleições, e claro que estamos todos, de uma forma ou de outra, envolvidos no processo político eleitoral do nosso país.

É justamente também neste momento que a Fundação Palmares teve a brilhante idéia de reparar e democratizar as indicações ao Troféu Palmares. Primeiro indicando somente mulheres, e, diga-se de passagem, cada uma mais poderosa que a outra, e depois abrindo ao público a votação, possibilitando assim que possamos exercitar a nossa cidadania um pouco antes do pleito eleitoral nacional.

São três as categorias do Troféu Palmares: religiosa, cultural e social. Sendo que todas as indicadas são de fazer cair o queixo. Mas, quero exclusivamente me dedicar ao Campo Social.

Na verdade quero fazer uma homenagem, ser cabo eleitoral e pedir votos para Alaíde do Feijão.

Sem nenhum demérito às demais, mas pelo que ela representa para mim. E como tomo partido em vários processos, não poderia me furtar neste caso.
Alaíde do Feijão representa aquela mulher de tempos antigos, a tia da comunidade, dos bairros periféricos. Aquela tia que quando a nossa mãe saia para trabalhar ela lá estava a observar os filhos e perguntar o que ele estava fazendo na rua até tal hora da noite e dar bons conselhos. Sempre alerta, cuidou da juventude negra em épocas que o Estado Brasileiro não reconhecia o que era ser negro.

Esta querida mulher sempre sabia como ser dura e doce, enérgica e amável. Carregada de conhecimento tradicional, e forjada na Faculdade da Vida, do Gueto, do Mundo. Alaíde vendeu muito feijão para sobreviver e para garantir ate hoje a sobrevivência de muitos. Mas não falo de um feijão qualquer, a delícia de saborear o Feijão de Alaíde, não é tão somente pelo sabor, mas pela dignidade, pela batalha, pelos temperos espirituais e sentimentais invisíveis, mas atávico à nossa tradição. Pelo bate papo gostoso e aprendizado passado a cada garfada.
Na verdade o sue feijão não alimenta o nosso corpo, mas a nossa alma e a cada dedo de prosa, temos a mais completa certeza de que apesar de tudo, vale a pena viver e pedir a benção a cada momento que Alaíde dá um conselho.
Alaíde é uma ilustre filha da Ilha de Itaparica e conhece o Movimento Negro Baiano mais do que qualquer tese de doutor da academia formal. Ela lê nas entrelinhas, e mais do que isto, posso afirmar, que todo militante negro baiano ao passar por momentos de dificuldade nas suas batalhas diárias foi lá naquele cantinho aconchegante do Pelourinho onde está instalado o Feijão da Alaide, se reconfortar em uma mesinha onde Alaide fica sentada como a esperar para dar consultas com um cuidado e responsabilidade ancestral. Lá diariamente está sentada Alaíde do Feijão, e na sua panela do saber está a receita dos conselhos de mestra, de mãe, de tia de comunidade, de egbomy do Axé.

Alaíde é minha mestra, e este texto pode não garantir um único voto, pode até não ser lido, ou ser tratado de forma descartável frente a minha mediocridade. Mas tem um significado muito especial para mim. Significa dizer para o mundo que Alaíde é minha mãe. A Mãe Preta que cuida, que zela, que passa a mão no telefone para saber como eu estou, por que sumi, o que estou fazendo, para me confortar. Para, através destes gestos me mostrar que a vida é dura, mas que ela ainda é capaz, e muitíssimo capaz de amar e me ensinar a amar e manter a chama viva. E que no final de cada batalha posso ir lá e ela estará pronta e a postos para cuidar das minhas feridas e fazer cicatrizar as dores da alma. Não em postura passiva, mas na sabedoria de quem me mandou para a o campo de batalha, e eu sei muito bem quem comanda a frente.

Este texto é tão somente para dizer e declarar ao mundo a minha querência por Alaíde do Feijão, e principalmente agradecer por tudo!
Alaíde, eu voto em ti com toda a certeza para 3 coisas: ser premiada pela Fundação Cultural Palmares, ser Presidente do Brasil e com mais certeza ainda para ocupar a cadeira do Conselho de Segurança da ONU, pois já te vejo lá, sentada naquele cantinho, dando bons conselhos para o mundo se manter em paz, e quando perguntarem a você como está a sua vida, sei que irá desconversar, como a querer dizer a vida é dura, mas é a que se tem e a que devemos amar e tocar como uma grande orquestra afro. A nos mostrar que a sua passagem por aqui é para se doar, e doar, doar, doar. Ensinando-nos sempre que o amor não tem limites e que apesar de cada não, de cada dor que nos invade somos nós a alegria da cidade.

Alaíde, simplesmente te amo e obrigado por me transformar em alguém melhor para o mundo e mundo muito melhor para mim e muitos outros que podem ate não te conhecer, mas que desfrutam da sua boa energia.

Marcos Rezende
Ogã de Ewá do Ilê Axé Oxumarê
Coordenador Geral do CEN


Participe você também!

http://culturanegra.palmares.gov.br/enquete/

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Seminário Azoany


O Seminário Azoany é mais uma prova concreta do processo de desenvolvimento civilizatório do povo negro brasileiro, que produz um processo de conhecimento dinâmico através de negros e afro descendentes, dos mais diversos segmentos e das mais diversos segmentos da sociedade, na perspectiva de construirmos a compreensão mais ampla de quais são de fato as grandes contribuições da civilização negra no Brasil, este Seminário traz contribuições de Negros que estão na esfera da justiça, negros no segmento de direito e da política, negros que atuam na polícia e na religiosidade, que fazem uma reflexão sobre segurança pública, que é um conteúdo importante de cidadania, a medida que compreendemos o quanto é difícil se construir esta segurança, sem respeito as diferenças, sem investimentos concretos na reparação, pois sem sobra de dúvida, ainda é um absurdo o pouco investimento que o Estado ainda racista faz, na comunidade negra, que tanto contribuiu e contribui para o desenvolvimento do país e o Estado, não consegue compreender que o investimento na Igualdade. é um investimento estratégico para o pleno desenvolvimento brasileiro.

O Seminário Azoany nos trouxe esta possibilidade de reflexão histórica e um olhar diferenciado, na verdade sentimos falta da presença de educadores e estudantes, pois percebemos que nestes espaços temos uma grande oportunidade de aplicar a lei 10.639, levando a todos que estão envolvidos com a Educação, a compreenderem melhor as contribuições negra no Brasil, no passado e na atualidade e a complexidade destas contribuições, na perspectiva civilizatório, o bom é que os responsáveis da caminhada poderão disponibilizar parte das palestras e debates ocorridos, no site do CEN, onde muitos poderão ter acesso e aqueles que tiverem habilidade, podem gravar em mídia e levar para sua comunidade, para sua escola, sua universidade, seu grupo de estudo e multiplicar mais esta enorme contribuição da civilização negra brasileira, no entendimento do que é de fato ser brasileiro, por um olhar mais amplo, tanto através da religiosidade, quanto através da segurança pública e a complexidade para conseguí-la com o avanço do Estado e da Sociedade, em uma construção democrática e cidadã, onde todos sairão ganhando.

Esta luta, também compreendemos assim, é um processo continuado, da responsabilidade da Ass. Alzira do Conforto, do CEN-Coletivo da Entidades Negras, do NAFRO – Núcleo de Religião de Matriz Africana da PM-BA, da Fundação Palmares, do Governo do Estado, do Governo federal, na perspectiva de transformar este material em mostra, em memória, em vídeo, em estudo continuado para outras organizações, para Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia federal, Ministério Público, Ministério e Secretarias de Educação e Universidades, fazendo com que todos possam conhecer este olhar, estes conteúdos e entender que este processo de aprendizagem, faz parte da democracia e das ações afirmativas, que são políticas fundamentais e estratégicas para o novo desenvolvimento brasileiro, onde a igualdade étnico racial, é um fundamento concreto, sem o qual, dificilmente alcançaremos o nosso pleno desenvolvimento , a evolução social e a segurança e paz que tanto desejamos enquanto sociedade brasileira.

Edson Costa - CEN/BA

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

XVI Simpósio Baiano de Pesquisadoras(es) sobre Mulheres e Relações de Gênero

Local do Evento:
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/UFBA

Período:
8 a 11 de novembro de 2010

Público Alvo:
I. Estudiosas(os) e pesquisadoras(es) baianas(os) envolvidas(os) com o tema.

II. Estudantes de graduação e de pós-graduação, que utilizam as contribuições teóricas do feminismo e as categorias de gênero, raça/etnia.

III. Profissionais, integrantes de Secretarias de Governo, Núcleos de Gênero de Empresas públicas, Sindicatos, Partidos políticos; Assessoras(es) de movimentos sociais e entidades feministas

Contatos:
NEIM – Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher.
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.
Estrada de São Lázaro, 197 – Federação
Salvador – Bahia - Telefax: (71) 3237-8239
E-mai l: simposioneim@ufba.br

Fonte: UFBA

sábado, 7 de agosto de 2010

Começa votação das indicadas ao Troféu Palmares

A eleição das três homenageadas será pela Internet. Veja como e participe!

As personalidades femininas que receberão o Troféu Palmares, este ano, serão escolhidas em votação aberta, a partir de hoje (06/08/10), pela Internet. As três homenageadas serão escolhidas entre as 15 mulheres selecionadas a partir de uma ampla consulta, envolvendo todo o quadro funcional da Fundação Cultural Palmares - servidores, funcionários e terceirizados. Essa é a terceira edição do Troféu, instituído para homenagear personalidades da sociedade brasileira que contribuem para o exercício do respeito à diversidade e à cidadania, com especial atenção à causa afro-brasileira. Outro diferencial deste ano é a ênfase na questão de gênero: somente mulheres estão concorrendo ao prêmio, que será entregue durante as comemorações do 22º aniversário da Fundação Cultural Palmares.
O PROCESSO - A escolha das homenageadas começou em julho último, com a indicação de mais de 30 candidatas, pelo corpo funcional da Palmares. Desta primeira lista, o corpo diretivo da Fundação selecionou os 15 nomes que participarão da votação aberta (ver lista). Cinco para cada um dos campos previstos pelo regulamento - o cultural, o social e o religioso.A votação aberta começa hoje e prossegue até o próximo dia 15, bastando para isso clicar aqui e seguir as instruções, pois o sistema é auto-explicativo. As candidatas mais votadas em cada campo receberão o Troféu Palmares 2010, no próximo dia 20, no Teatro Nacional de Brasília, constituindo-se no ponto alto das atividades comemorativas do aniversário da Fundação.Aliás, as homenagens da Palmares ao sexo feminino não se resumem à entrega do Troféu. Fechando a noite do dia 20, acontecerá o show Mães D´ Água, protagonizado por sete talentosas cantoras negras do Brasil: Alaíde Costa, Daúde, Luciana Mello, Margareth Menezes, Mart´nália, Paula Lima e Rosa Maria, que sobem ao palco acompanhadas por uma banda-base e uma super orquestra de 45 músicos.O TROFÉU - O Troféu Palmares foi instituído em 2008, para homenagear personalidades brasileiras, por seu trabalho em defesa da sociedade. No primeiro ano de realização, receberam a estatueta a atriz Zezé Mota, a Yalorixá Mãe Stella de Oxóssi e o ministro da Cultura, Juca Ferreira. No ano passado, os agraciados foram Mãe Beata de Iemanjá, Esther Grossi e Haroldo Costa.
Confira aqui, a lista de candidatas e contribua para essa grande homenagem à mulher brasileira.
Fonte: Palmares

Caminhada Azoany: Seminário Direitos Humanos e Religiosidade

Caminhada Azoany: Seminário Direitos Humanos e Religiosidade: "No próximo dia 09 de agosto, das 08 a 18 horas, no Auditório do Ministério Publico da Bahia, situado na Av. Joana Angélica, Nazaré, a Associ..."

domingo, 1 de agosto de 2010

Faltam menos de 10 dias para o Seminário Azoany!

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