terça-feira, 30 de junho de 2009

Ossaim, o malabarista das folhas

- Filme do Canal Futura para o projeto A Cor da Cultura

Fonte: You Tube

Negros fumantes têm cinco vezes mais risco de câncer

Pesquisa da Unicamp analisou 464 pessoas, 200 delas com câncer de pulmão

Hipótese é que mutação genética seja capaz de potencializar a ação dos componentes com potencial carcinogênico do cigarro
por FERNANDA BASSETTE

A população negra brasileira que fuma tem até 5,21 vezes mais riscos de desenvolver câncer de pulmão do que os brancos fumantes. A constatação é de uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que foi apresentada no Congresso Europeu de Pneumologia. O câncer de pulmão é considerado o de maior mortalidade no mundo. Cerca de 90% dos casos estão relacionados ao consumo excessivo ou à exposição passiva ao tabaco. Para realizar o estudo, os pesquisadores da Unicamp avaliaram 464 pessoas, sendo 200 portadoras de câncer de pulmão e 264 saudáveis e não fumantes.

Segundo o pneumologista Lair Zambon, autor do estudo, a maioria dos negros avaliados apresentou uma mutação no gene CYP1A1*2A que é capaz de potencializar a ação dos componentes carcinogênicos presentes no cigarro, especialmente o benzopireno -substância altamente cancerígena. Cada cigarro possui mais de 4.000 substâncias e cerca de cem delas têm potencial para provocar câncer.

"Observamos que essa alteração genética é a mais comum encontrada nos negros e descobrimos que essa mutação está fortemente associada ao aparecimento do câncer de pulmão nessas pessoas", diz Zambon.

Segundo o pesquisador, esse gene é responsável por facilitar o mecanismo de eliminação do benzopireno pelo organismo. Com o gene alterado e a dificuldade de eliminar a substância, aumenta o risco de desenvolver o câncer de pulmão.

Zambon reforça, entretanto, que os resultados refletem a situação dos negros brasileiros e não podem ser estendidos para toda a população negra -pois há a possibilidade de serem geneticamente diferentes.

O pneumologista Mauro Zamboni, do Serviço de Cirurgia Torácica do Inca (Instituto Nacional de Câncer), diz que vários trabalhos em todo o mundo vêm sugerindo essa possibilidade de maior incidência de casos na população negra, mas os resultados são conflitantes e não definitivos. "Apesar de o estudo ter um bom número de pessoas envolvidas, acho que amostra ainda é reduzida para ser extrapolada para a população brasileira na sua totalidade. O assunto é interessante, mas merece continuar sendo estudado", diz.

Prática clínica
Para o pesquisador, os resultados têm impacto imediato na prevenção da doença nessa população, por meio de campanhas educativas que estimulem as pessoas a parar de fumar.

Ele diz ainda que, apesar dos resultados apontarem para uma questão genética, os pneumologistas não devem passar a fazer testes genéticos nos negros que fumam porque isso seria economicamente inviável. "É muito caro e praticamente impossível fazermos exames genéticos em todo mundo. Temos argumentos suficientes para explicar aos fumantes negros que eles têm risco aumentado de desenvolver câncer de pulmão e que, por isso, devem parar de fumar", diz.

O oncologista Jefferson Luiz Gross, diretor do Setor de Cirurgia Torácica do Hospital A.C.Camargo, acredita que o estudo poderá ter um impacto no desenvolvimento de tratamentos para esses pacientes. "Se você sabe que determinado gene está relacionado ao aparecimento do câncer, você pode estudar formas de bloquear a ação desse gene."

Gross também afirmou que essa população não deve passar por exames genéticos, pois os negros que não fumam e apresentarem a mutação não têm o risco de câncer aumentado. "O grande vilão do câncer do pulmão é o cigarro. Em vez de fazer teste genético, é melhor convencermos as pessoas a parar de fumar", afirma.

Fonte: Ìrohìn

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pensamentos...

“Não é aos homens que me dirijo, é a ti, Deus de todos os seres, de todos os homens e de todos os tempos (…). Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos fracos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre todas as nossas leis imperfeitas, entre todas nossas opiniões insensatas (…) que todas essas pequenas nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam motivos de perseguição.”
- Voltaire, Tratado Sobre a Tolerância, 1763, in Historie.

Casal de evangélicos é preso por agressão em Manaus

MANAUS - A Polícia Militar do Amazonas (PM) prendeu, na tarde de domingo, o casal de evangélicos Emedir Rodrigues da Silva e Francisco de Souza, ambos da igreja Aliança Eterna, acusados de quebrar uma viatura policial e intimidar passageiros do ônibus que faz a linha Campus Salles. Segundo a polícia, após atender o pedido de ajuda de um passageiro do ônibus, policiais da 18º Companhia Interativa Comunitária (Cicom), chegaram ao local e se surpreenderam. A polícia informou que os passageiros estavam assustados com a exaltação do casal que pregava o evangelho gritando e intimidando os passageiros.

O casal resistiu à prisão, mas foi contido pelos policiais. Quando foram colocados na viatura, voltaram a ficar agressivos e quebraram os vidros do veículo com um cajado de ferro que carregavam, além de danificar as grades traseiras. O casal foi encaminhado ao 15º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no bairro Nova Cidade, zona norte de Manaus, onde responderão a um inquérito por dano qualificado.

De acordo com a PM, o casal já tem passagem pela polícia, pela morte do próprio filho em 2007. As informações do inquérito dão conta que a criança que foi registrada com o nome "Guarda os Dez Mandamentos da Silva Souza", era mal alimentada, estava sofrendo de desidratação e morreu asfixiada no próprio vômito. O casal, que foi responsabilizado pela morte do filho, alegou que a religião a qual pertencem não admite a ingestão de alguns alimentos, entre eles o leite.

Fonte: O Globo

domingo, 28 de junho de 2009

Atuação de religiões de matriz africana foi marcante na conferência de igualdade racial

Brasília - Os líderes das religiões de matriz africana tiveram atuação marcante na 2ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial, encerrada nesse domingo (28). A plenária final referendou uma série de propostas destinadas a garantir o combate à intolerância religiosa.

Os delegados recomendaram o mapeamento cartográfico social dos terreiros de todo o país, a garantia de aposentadoria para religiosos e a responsabilização de emissoras de TV ou rádio pela veiculação de matérias de cunho racista e discriminatório, com multas diárias no caso de práticas de intolerância.

O ministro da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos, se comprometeu a formular um plano nacional de combate à intolerância religiosa e a apoiar a criação de um fórum nacional do movimento de religiosos de matriz africana. “Estamos à disposição das entidades para essa luta, que consideramos extremamente legítima”, diz o ministro.

O diretor de projetos e pesquisa da Federação Brasiliense e Entorno de Umbanda e Candomblé, Ribamar Veleda, acredita que a conferência marcará uma novo momento na conscientização da sociedade. “É uma luz que estávamos buscando ao longo de muito anos e que agora começa a se acender. Sabemos que muito tem a ser feito, mas sabemos que o pontapé inicial está sendo dado aqui hoje”.

A comunidade indígena também avalia como positivos os debates e encaminhamentos da 2ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial. A defesa dos territórios indígenas e do processo de regularização foi reforçada na plenária final por representante de outros movimentos, como negros e ciganos. No âmbito institucional, a Seppir se comprometeu a analisar a proposta de criação de uma subsecretaria indígena.

Para a representante do Conselho Nacional das Mulheres Indígenas, Maria Helena Azumezohero, a garantia de espaço para as comunidades na conferência e o diálogo com outros movimentos também são importantes conquistas. “Tivemos a participação aqui de representantes indígenas de todos os estados e, por isso, conseguimos avançar nas nossas propostas. Agora vamos aguardar uma resposta sobre a subsecretaria na Seppir.”

A liderança indígena também levou para aprovação na plenária final recomendações na área de educação, principalmente visando ao cumprimento do Plano Nacional de Educação Indígena e ao aumento da oferta de vagas para índios no ensino superior.

Fonte: CEN Brasil

sábado, 27 de junho de 2009

Vem aí...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Candomblecistas exigem respeito na II CONAPIR

“Vamos fazer um candomblé no meio do Centro de Convenções!” Foi assim que um religioso de matriz africana incentivou o canto e a dança ao som do timbau na área de convivência da II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (II CONAPIR), no fim da tarde desta sexta-feira (26/06). O encontro reuniu cerca de 50 religiosos e chamou a atenção de muitas pessoas que passavam pelo local, que acabaram improvisando passos e entoando algumas músicas tradicionais.

A manifestação tinha dois propósitos: comemorar o aniversário de 56 anos de santo da Mãe Beata de Iemanjá, a mais antiga representante da religião no evento, e também alertar para a perseguição ainda sofrida pelos seguidores do candomblé. “Temos muito respeito pelos mais antigos e é uma alegria poder mostrar nossa cultura em um evento como esse”, disse Rômulo Miranda, representante do Paraná.

Entre as aqueles que pediam saúde à yalorixá e respeito da sociedade também estava Bira Diovolu, de São Gonçalo (RJ). Ele acredita que os 200 representantes do candomblé presentes na II CONAPIR devem insistir na defesa da consciência negra e na existência de religiões diversas. “Para nossa crença religiosa esse momento é um marco, mostra que o país está se desenvolvendo em relação à tolerância religiosa. Hoje temos liberdade de expressar melhor o que pensamos em relação à perseguição e ao racismo, e assim, combatê-lo”, concluiu.

Comunicação Social da II CONAPIR

sábado, 20 de junho de 2009

Pastor e jovem que atacou centro espírita vão dormir na delegacia

As duas primeiras prisões no país por crime de intolerância religiosa aconteceram no Rio. Tupirani da Hora Lores, de 43 anos, e Afonso Henrique Alves Lobato, de 26, pastor e membro, respectivamente, da Igreja Geração Jesus Cristo, foram presos nesta sexta-feira por policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Tupirani e Afonso Henrique são acusados de incitar o preconceito contra as religiões afro-brasileiras e de atacar publicamente as polícias Civil, Militar e o Poder Judiciário.

A prisão preventiva do pastor Tupirani e de Afonso Henrique foi decretada pela juíza Maria Elisa Peixoto Lubanco, da 20ª Vara Criminal. Os dois acusados foram detidos após o culto na Igreja Geração Jesus Cristo. Eles foram conduzidos sem algemas para DRCI, na Cidade Nova. Alguns membros da igrela que estavam no templo na hora das prisões do pastor e de Afonso Henrique foram até a delegacia. Um deles quase foi preso pela delegada Helen Sardenberg que o flagrou tentando fotografá-la em seu gabinete.

Na delegacia, enquanto aguardavam serem transferidos para cela, Tupirani e de Afonso Henrique demonstravam a mesma ironia dos últimos dois dias quando foram denunciados pelo crime de intolerância religiosa. Em março deste ano, Afonso Henrique divulgou na internet um vídeo com ofensas aos seguidores da Umbanda e Candomblé. Num dos trechos do vídeo, Afonso Henrique chega a dizer que todo pai-de-santo é homossexual. As polícias Civil e Militar, a imprensa e os juízes também foram ofendidos pelo jovem.

Em entrevista ao EXTRA, Tupirani declarou que sabia do vídeo elaborado por seu seguidor. Mas ele não fez nada para impedir a divulgação do vídeo. Pelo contrário, o pastor defendeu Afonso Henrique dizendo que o jovem tinha o direito de se expressar livremente. Mais tarde, a polícia descobriu que Tupirani também havia divulgado na internet um vídeo em que ele declara que não reconhece as leis, só a Bíblia. O pastor também dasafia a polícia e as Forças Armadas.

"É preciso estar ciente da profundidade e dos riscos de novos conflitos...Acreditamos que a solução depende de uma verdadeira e enérgica ação, caso contrário, estaremos sendo espectadores de mais uma indigna e criminosa área de conflito entre os seguidores da Igreja Geração Jesus Cristo e os demais cultos religiosos, especialmente os seguidores do espiritismo", disse a delegada Helen Sardenberg, no pedido de prisão preventiva do pastor Tupirani e de Afonso Henrique.

Em junho do ano passado, Afonso Henrique e outros três jovens foram presos depois que invadiram e depredaram o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete. Na ocasião, cerca de 50 imagens de santos foram destruídas pelos invasores. Os quatro foram condenados a pagar cestas básicas à pessoas carentes.

Fonte: CEN Brasil

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Membro de igreja foi autuado por desacato ao ofender policial militar


No dia em que deveria ter se apresentado ao 1º Juizado Especial Criminal (Jecrim) para responder pelo crime de ultraje a culto religioso — por ter invadido e depredado um centro de umbanda no Catete, em junho do ano passado — Afonso Henrique Alves Lobato, de 25 anos, foi preso por desacato e resistência. Seguidor da Igreja Geração Jesus Cristo, o rapaz chegou ao Jecrim no último dia 5 de março trajando camiseta. Ao ser alertado por um PM de que não poderia ingressar no juizado vestido daquela forma, Afonso teria continuado a entrar no local. Ele foi preso, algemado e levado para a 10ª DP (Botafogo).

A confusão consta do registro 1529 da delegacia. Mas o tumulto não adiantou nada: Afonso e as outras três pessoas que invadiram o templo foram condenados apenas a pagar cestas básicas.

As declarações de Afonso contra pais de santo, policiais e a imprensa feitas num vídeo postado na internet podem lhe custar caro. Henrique Sátiro, conhecido como pai Henrique de Oxossi, pretende processar o evangélico por ele ter dito que "todo pai de santo é homossexual":

— Não vou ficar deixando esse fanáticos falarem o que bem entendem da minha religião sem fazer nada. Ele afrontou toda a comunidade religiosa e suas instituições.

Processos à vista

Pelo menos outros cinco religiosos já procuraram a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa e querem saber como proceder para processar Afonso.

A delegada Helen Sardenberg, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), deve abrir hoje inquérito contra Afonso Henrique para apurar se no vídeo houve a prática dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. A investigação será aberta por determinação do delegado Henrique Pessoa, do Departamento de Polícia da Capital (DPC).

Fonte: CEN Brasil

Falecimento da Aba Filhinha

É com pesar que o Ilê Axé Oxumarê informa o falecimento da sua Aba Filhinha de Ogum. O enterro foi ontem no cemitério de Brotas.

Egbomy Filinha partiu aos 80 anos de idade e era filha de Mãe Simplicia, com seus 56 anos de santo, foi uma grande mulher guerreira.

Era bem casada, mas nunca quis ficar na aba do marido, tornou-se então vendedora de fato, ela era conhecida pela sua dignidade e o seu amor ao seu axé. Dizia ser filha de Ogum duas vezes , por ser filha de cabeça de Ogum e sua mãe de santo era também de Ogum.

Sempre disposta a amar e a ajudar, teve um f
ilho biológico e inúmeros filhos de criação, tendo deixado pessoas de seu convívio que deram bons frutos. Foi a primeira pessoa a ser fotografada e a servir de modelo e exemplo na Caminhada Pela Vida e Liberdade Religiosa.

Deixa filhos, amigos e família de axé com saudades, mas fica também a certeza do dever cumprido.

Iku ô, iku ô! Lai sun bere!
Descansa o sono profundo.

Babalorixá Pece de Oxumarê

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Condenado por ataque a centro espírita publica vídeo no YouTube



Quase um ano após o ataque ao Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, um dos condenados pelo crime, Afonso Henrique Alves Lobato, postou no YouTube um vídeo de nove minutos em que dá sua versão para a depredação do templo, ataca os espíritas e umbandistas, desdenha da ação da polícia e da Justiça e acusa a imprensa de servir ao Diabo.

No vídeo, Afonso Henrique — que respondeu pelo crime de ultraje a culto e foi condenado a pagar cestas básicas e prestar serviços comunitários — assume ter destruído, junto com outros integrantes da Igreja Geração de Jesus Cristo, a qual pertence, as imagens do centro espírita, mas diz que os fatos foram distorcidos. "Como todos sabem, um centro espírita é um lugar de invocação ao Diabo, um lugar onde as pessoas vão estar adorando o Satanás, onde vão estar levando suas oferendas, cigarro, cachaça, farofa, essas coisas podres, essas palhaçadas, que esses servos do Diabo insistem em fazer, então nós começamos a estar expondo a verdade", diz ele, que diz o que viu dentro do templo: "Eles abriram a porta pra mim, então eu subi e subindo o que eu vi lá: um monte de imagens e esculturas, vi um pai-de-santo, um homossexual, claro porque todos os pai-de-santos são homossexuais, vi pessoas lá oprimidas se preparando para aquele culto do Diabo e nisso comecei a perguntar pra eles: "Cadê o Diabo? Cadê o Tranca-Rua? Cadê a Maria Mulambo? Cadê esses demônios que vocês estão oferecendo aqui, essas imundices? Onde estão eles para que a gente possa pisar na cabeça deles e provar que Jesus Cristo é maior, é soberano?".

Logo a seguir, Afonso Henrique ataca a polícia e a Justiça: "Então nós fomos até a delegacia e chegando na delegacia é aquela palhaçada de sempre, aqueles policiais militares, não sabem nem as leis que eles dizem servir, aqueles policiais civis completamente ignorantes também, pensam que são autoridade, mas não são autoridade, para a Igreja eles não são autoridade ", diz ele, continuando: "eles falaram que nós iríamos comparecer no juizado em tal data e nisso, os policiais militares, corruptos como sempre, caras de pau, já chamaram a imprensa com quem eles são mancomunados, tanto a imprensa quanto os policiais militares servem ao mesmo deus, que é o Diabo".

Afonso Henrique também envolve a imprensa numa suposta adoração ao Diabo: "No dia seguinte, a Rede Globo (veio) fazendo uma grande confusão em cima daquilo ali, distorcendo completamente, dizendo que nós agredimos pessoas, publicando na capa do EXTRA, na capa do jornal "O Globo", uma série de repórteres lá da emissora deles, dizendo que nós praticamos esse crime, colocando isso como uma coisa horrenda. Na verdade o que aconteceu é que a Globo também é uma emissora completamente dominada pelo Diabo, onde há uma série de espíritas, dezenas de macumbeiros lá dentro".

Fonte: CEN Brasil

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Exu contra-ataca

Cada vez que peixes aparecem boiando no bicentenário Dique do Tororó, em Salvador, uma lenda urbana volta à tona: a de que o responsável pela mortandade de tilápias e carpas, quase todo verão, não é a poluição, mas as oito belas esculturas de entidades africanas que enfeitam o local, considerado pelos seguidores do candomblé uma das moradas de Oxum, orixá da água doce, fontes e lagos. Concebidas em 2000 pelo escultor Tatti Moreno, as oito figuras de orixás são emblemáticas da disputa entre os neopentecostais e os seguidores da religião afro-baiana na capital, que reagem com uma campanha nacional contra a intolerância religiosa.

A ideia não é partir para o confronto, embora nos últimos anos tenham sido frequentes as agressões de evangélicos, sobretudo fiéis da Igreja Universal e da Evangelho Quadrangular, aos adeptos das religiões de matrizes africanas, nomenclatura adotada pelas gentes da umbanda e do candomblé. A principal meta é mesmo corrigir as estatísticas, a partir do Censo 2010 do IBGE. Com o slogan “Quem é de axé diz que é”, pretende-se conscientizar as pessoas da importância de assumirem o credo em religião afro-brasileira. No último Censo, em 2000, só 0,5% dos soteropolitanos afirmaram ser praticantes da umbanda e do candomblé, ante 18,1% que se declararam evangélicos.

“Essa postura, que se justificava quando o candomblé era perseguido pela polícia, não é mais necessária. Estatisticamente, dá a impressão de que o candomblé está desaparecendo, o que é um engano”, afirma o vereador Gilmar Santiago. Uma das evidências disso seria o aumento do número de terreiros. Nas duas últimas décadas, de acordo com o mapeamento feito pela prefeitura, apareceram 677 novos na capital baiana.

Em compensação, Salvador viu surgir em 2001 um dos maiores templos da Igreja Universal no País, com capacidade para 9 mil fiéis. As baianas do acarajé, figuras-símbolo do candomblé, hoje encontram rivais nas vendedoras de “bolinho de Jesus”, que se recusam a associar o quitute a uma oferenda aos orixás.

Historicamente, o preconceito em relação aos seguidores do candomblé não pode ser atribuído aos protestantes, mas aos primeiros colonizadores europeus, ainda em território africano, segundo estudiosos da religião. Com o tempo, o estigma de que a crença se baseia em feitiços, despachos e magia negra espalhou-se. Mas é inegável que a convivência entre evangélicos, principalmente neopentecostais, e seguidores do candomblé se deteriora nos últimos anos, a partir do lançamento, pelo bispo Edir Macedo, do livro Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou Demônios?, que fortaleceu o preconceito e renovou a difusão de mitos sobre as religiões afro-brasileiras.

Na obra, com mais de 3 milhões de exemplares vendidos, retirada das livrarias pela Justiça, o fundador da Igreja Universal acusa os orixás, assim como os espíritos do kardecismo, de serem demônios disfarçados. (Procurada, a direção da Igreja Universal não respondeu às perguntas da reportagem.) Em geral, os bispos neopentecostais se aproveitam da associação clássica entre a figura de Exu e Satanás. Por conta disso, outra iniciativa da campanha movida pelas entidades do movimento negro vai ser a distribuição de uma cartilha como introdução às religiões de matrizes africanas a praticantes de outros credos. Exu será o principal orixá a ser “explicado”.

Em Salvador, na noite da terça-feira 12 de maio, a reportagem de CartaCapital está à mesa com cerca de vinte pais e mães de santo que participam do Fórum Permanente de Religiões de Matrizes Africanas, no terreiro de Oxumarê, do século XIX. Pergunto se esse preconceito não é gerado também pelo fato de o candomblé, em virtude das perseguições policiais que tiveram seu auge na década de 1920, ser uma religião fechada, quase secreta. E a mesa, já bastante desconfiada com a presença da repórter, entra em polvorosa. “Fechada é a Maçonaria”, diz um. “Muito aberta não é, não”, rebate outro. “O terreiro fica aberto o dia todo, não é que nem igreja. Só não entra quem não quer”, defende Marcos Rezende, do CEN, que é também ogã (espécie de administrador) do terreiro anfitrião. “O que não fazemos é proselitismo.”

Em Salvador, são frequentes as notícias de invasões de terreiros por evangélicos com bíblias em punho e agressões verbais aos que andam paramentados com roupa branca, torços (turbantes) e colares de contas coloridas. As queixas são encaminhadas ao promotor Almiro Sena, coordenador do Grupo Especial de Combate à Discriminação do Ministério Público Estadual.

“As pessoas identificadas com o candomblé por suas vestimentas ainda hoje têm dificuldade de acesso a edifícios públicos. São obrigadas, por exemplo, a tirar os torços da cabeça”, relata o promotor Sena, que vê, no entanto, uma diminuição da intolerância nos últimos anos. Na mesa do terreiro de Oxumarê, o Táta (pai de santo) Ricardo Tavares, do terreiro de Lembá, em Camaçari, discorda.

Branco, 1,84 metro de altura, Tavares chama a atenção com suas vestes africanas. Ele conta que seu terreiro já foi invadido por evangélicos, que lhe cuspiram na cara durante o fórum da cidade. “Não sou omisso, dou queixa”, diz o pai de santo, que promove em Camaçari uma campanha de combate à intolerância religiosa e ao racismo, sob o lema “Sou do candomblé. Respeitar é preciso. Gostar, se quiser”.

Lindinalva de Paula, do terreiro Ilê Axé Omin Ewá, no bairro de Praia Grande, conta que os ataques feitos em programas de televisão e por bispos nos púlpitos de fato diminuíram, mas as ações isoladas permanecem. “Numa sexta-feira em Salvador, em um ônibus lotado, há evangélicos que preferem ficar de pé a se sentar ao lado de uma pessoa de branco, porque sabe que nos vestimos assim às sextas”, conta.

O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, é evangélico, da religião batista. E há quem o acuse de, por isso, favorecer os neopentecostais no projeto de lei, que deve ser votado pela Câmara Municipal na próxima semana, regularizando a situação fundiária dos terreiros. A maioria dos locais onde se praticam os rituais do candomblé até hoje não possui título de propriedade, porque, ao contrário da Igreja Católica, as religiões afro-brasileiras não herdaram terras e ocuparam os espaços possíveis: encostas, vias e matas, necessárias à liturgia. Pais e mães de santo também receberam terras “de boca”, sem documentos.

A possibilidade de regularização deixou os terreiros em festa, mas seus líderes reclamam que, no projeto, existem mais exigências para as religiões de matrizes africanas do que para as outras. Originalmente voltado só para os terreiros, o projeto da prefeitura acabou ampliado para todos os templos religiosos de Salvador.

“Não é verdade, as exigências são as mesmas. Tampouco é verdade que o prefeito favoreça os evangélicos, vejo-o muito respeitoso em relação ao candomblé”, diz o secretário da Reparação de Salvador, Ailton Ferreira, que também pertence ao terreiro de Oxumarê. Ele explica que a lei surgiu como promessa do prefeito João Henrique para compensar a demolição do terreiro Oyá Unipó Neto, na avenida Jorge Amado, em fevereiro do ano passado, por “um equívoco” da prefeitura. E que as críticas acontecem porque, como a regularização dos terreiros era uma reivindicação do candomblé e foi estendida aos outros templos, causou um “ciúme natural”.

Em setembro, os tambores tocarão nos terreiros para o primeiro passo da campanha pelo respeito e pelo reconhecimento do candomblé como religião. Acontecerá em Salvador o I Seminário Nacional sobre Intolerância Religiosa, promovido pelo CEN com apoio do Ministério da Cultura. Todos sabem, porém, que não será uma tarefa fácil mudar 500 anos de preconceito em uma semana. Nem modificar o fato de que, até aqui, o discurso neopentecostal está vencendo a parada.

As religiões neopentecostais roubaram fiéis ao candomblé. “Não oferecemos algumas falas que são ação desse mundo, a bênção relacionada à melhoria de vida”, argumenta Marcos Rezende. “Sem dúvida, as pessoas das classes C, D e E são atraídas por essa teologia da prosperidade. Além disso, o neopentecostalismo utiliza a mídia para atrair novos adeptos, espaço que o candomblé não possui”, avalia o antropólogo Sérgio Ferretti.

Em terra de todos os santos, um político baiano, seguidor do candomblé, pede sigilo para apresentar críticas a seu povo. “Tem radicalismo de ambos os lados”, diz. “Em vez de desconfiar tanto dos evangélicos, devíamos eleger gente do candomblé. Eles têm estratégias, nós também precisamos ter, transcender para o plano político”, propõe. Difícil vai ser trocar os confortáveis abadás de algodão pelo terno e gravata.

Fonte: Carta Capital

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Oxumaré


" (...) Oxumaré era, antigamente, um adivinho (babalaô). O adivinho do rei Oni. Sua única ocupação era ir ao palácio real no dia do segredo; dia que dá início à semana, de quatro dias, dos iorubás. O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré que, por essa razão vivia na miséria com sua família. O pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o proprietário do chale de cores brilhantes". Mas tal como seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o respeitavam. Oxumaré, magoado por esta triste situação, consultou Ifá. "Como tornar-me rico, respeitado, conhecido e admirado por todos? Ifá o aconselhou a fazer oferendas. Disse-lhe "que oferecesse uma faca de bronze, quatro pombos e quatro sacos de búzios da costa."

No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei mandou chamá-lo. Oxumaré respondeu: "Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia." O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré, recriminou-o e negligenciou, até, a remessa de seus pagamentos habituais. Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um recado: Olokum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo a respeito de seu filho que estava doente. Ele não podia manter-se de pé. Caía, rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro. Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olokum e consultou Ifá para ela. Todas as doenças da criança foram curadas. Olokum, encantada por este resultado, recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de rico tecido. Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo, sobre o qual Oxumaré retornou à sua casa em grande estilo.

Um escravo fazia rodopiar um guarda sol sobre sua cabeça e músicos cantavam seus louvores. Oxumaré foi, assim, saudar o rei. O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe: "Oh! De onde vieste? De onde sairam todas estas riquezas?" Oxumaré respondeu-lhe que a rainha Olokum o havia consultado. "Ah! Foi então Olokum que fez tudo isto por você!" Estimulado pela rivalidade, o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de muitos outros presentes. Oxumaré tornou-se, assim, rico e respeitado. Oxumaré, entretanto, não era amigo de Chuva. Quando Chuva reunia as nuvens, Oxumaré agitava sua faca de bronze e a apontava em direção ao céu, como se riscasse de um lado a outro. O arco-íris aparecia e Chuva fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!" Oxumaré tornou-se, assim, muito célebre.

Nesta época, Olodumaré, o deus supremo, aquele que estende a esteira real em casa e caminha na chuva, começou a sofrer da vista e nada mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos seus olhos foram curados. Depois disso, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse a Terra. Desde esse dia, é no céu que ele mora e só tem permissão para visitar a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas. (...)"





(Do livro "Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O sopro sagrado de Olorum

Fonte: You Tube