sábado, 20 de junho de 2009

Pastor e jovem que atacou centro espírita vão dormir na delegacia

As duas primeiras prisões no país por crime de intolerância religiosa aconteceram no Rio. Tupirani da Hora Lores, de 43 anos, e Afonso Henrique Alves Lobato, de 26, pastor e membro, respectivamente, da Igreja Geração Jesus Cristo, foram presos nesta sexta-feira por policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Tupirani e Afonso Henrique são acusados de incitar o preconceito contra as religiões afro-brasileiras e de atacar publicamente as polícias Civil, Militar e o Poder Judiciário.

A prisão preventiva do pastor Tupirani e de Afonso Henrique foi decretada pela juíza Maria Elisa Peixoto Lubanco, da 20ª Vara Criminal. Os dois acusados foram detidos após o culto na Igreja Geração Jesus Cristo. Eles foram conduzidos sem algemas para DRCI, na Cidade Nova. Alguns membros da igrela que estavam no templo na hora das prisões do pastor e de Afonso Henrique foram até a delegacia. Um deles quase foi preso pela delegada Helen Sardenberg que o flagrou tentando fotografá-la em seu gabinete.

Na delegacia, enquanto aguardavam serem transferidos para cela, Tupirani e de Afonso Henrique demonstravam a mesma ironia dos últimos dois dias quando foram denunciados pelo crime de intolerância religiosa. Em março deste ano, Afonso Henrique divulgou na internet um vídeo com ofensas aos seguidores da Umbanda e Candomblé. Num dos trechos do vídeo, Afonso Henrique chega a dizer que todo pai-de-santo é homossexual. As polícias Civil e Militar, a imprensa e os juízes também foram ofendidos pelo jovem.

Em entrevista ao EXTRA, Tupirani declarou que sabia do vídeo elaborado por seu seguidor. Mas ele não fez nada para impedir a divulgação do vídeo. Pelo contrário, o pastor defendeu Afonso Henrique dizendo que o jovem tinha o direito de se expressar livremente. Mais tarde, a polícia descobriu que Tupirani também havia divulgado na internet um vídeo em que ele declara que não reconhece as leis, só a Bíblia. O pastor também dasafia a polícia e as Forças Armadas.

"É preciso estar ciente da profundidade e dos riscos de novos conflitos...Acreditamos que a solução depende de uma verdadeira e enérgica ação, caso contrário, estaremos sendo espectadores de mais uma indigna e criminosa área de conflito entre os seguidores da Igreja Geração Jesus Cristo e os demais cultos religiosos, especialmente os seguidores do espiritismo", disse a delegada Helen Sardenberg, no pedido de prisão preventiva do pastor Tupirani e de Afonso Henrique.

Em junho do ano passado, Afonso Henrique e outros três jovens foram presos depois que invadiram e depredaram o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete. Na ocasião, cerca de 50 imagens de santos foram destruídas pelos invasores. Os quatro foram condenados a pagar cestas básicas à pessoas carentes.

Fonte: CEN Brasil