Na próxima segunda-feira, a Promotoria de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público irá promover uma Audiência Pública, sob o tema “Intolerância religiosa: um mal cotidiano nas relações sociais. Como enfrentaremos este problema?” motivada pela demissão de dois professores da rede pública estadual de Salvaterra que discutiam e promoviam a diversidade religiosa em sala de aula.
Os professores Maria do Carmo Pereira Maciel e Rodrigo Oliveira dos Santos foram exonerados pelo prefeito José Maria Gomes de Araújo (DEM) alguns meses depois do desfile do 7 de Setembro de 2008, ocasião em que promoveram um desfile ecumênico com os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Oscarina Santos, em Salvaterra, no Marajó, que resultou na publicação de um artigo em um revista de circulação nacional chamada “Diálogo”.
No artigo, os professores relatam que a escola há alguns anos apresenta temas importantes nos desfiles de 07 de setembro. “O tema sugerido para 2008 foi à diversidade religiosa, mas não foi aprovado. Ficou então, restrito às turmas de 6ª série que representaram a disciplina Ensino Religioso”, diz Rodrigo Santos. Segundo os professores, as turmas enfatizaram o respeito, o diálogo e a tolerância religiosa no município de Salvaterra, ‘de modo a favorecer um conhecimento maior sobre as tradições religiosas existentes na comunidade e possibilitar o contato, a apreciação e o sentimento de respeito ao novo e desconhecido’.
Para isso, foi enviada uma carta-convite para uma reunião com as lideranças religiosas. Compareceram o sacerdote católico, um pastor, dois babalorixás e uma ialorixá. “A reunião focou a formação integral cidadã dos alunos e a possibilidade de conhecimento do Fenômeno Religioso e os líderes religiosos mostraram preocupação e interesse em contribuir para que a sociedade de Salvaterra se torne mais consciente de suas crenças e responsabilidades”, argumentam os professores.
Desfile ganhou apoio de diversos líderes
“Para o desfile, seria criada, uma personagem chamada Sagrado, que expressaria a compreensão do Transcendente em todos os segmentos religiosos. Seria um aluno negro, quebrando assim um estereótipo. Trajado por uma túnica de várias cores, representativas das diversas religiões, teria uma grande simplicidade e seriedade, capaz de transmitir fé, força e segurança, valores comuns a todas as tradições religiosas”, diz o artigo.
Os alunos representaram o catolicismo, o protestantismo de fronteira, o pentecostalismo, a umbanda, o candomblé, a pajelança cabocla. Foram acompanhados de algumas lideranças como o pastor da Igreja Adventista, a líder da Fé Baha’í, pais-de-santo e uma mãe-de-santo com vários seguidores, muito bem caracterizados. Integrou-se depois um grupo da Igreja Adventista, Os Desbravadores, acompanhados do pastor e também crianças pertencentes à Igreja do Cordeiro, todas caracterizadas.
“Chegamos a ser acusados pela prefeitura de ‘ensinar macumba’ em sala de aula, coisa que nunca ocorreu”, diz Rodrigo Santos. O prefeito de Salvaterra é membro da igreja Assembleia de Deus.
No início do ano, a professora Maria do Carmo foi exonerada. Em agosto foi a vez de Rodrigo dos Santos. Os alunos chegaram a fazer manifestações contra a saída do professor, mas a demissão se manteve.
“Infelizmente, mesmo publicando um trabalho de referência nacional hoje nós estamos desempregados por cumprir as leis da educação num território negro que possui hoje 15 comunidades quilombolas reconhecidas, mas nem sequer têm o direito ao respeito e ao conhecimento da sua própria história e cultura”, diz o professor. (Diário do Pará)
Os professores Maria do Carmo Pereira Maciel e Rodrigo Oliveira dos Santos foram exonerados pelo prefeito José Maria Gomes de Araújo (DEM) alguns meses depois do desfile do 7 de Setembro de 2008, ocasião em que promoveram um desfile ecumênico com os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Oscarina Santos, em Salvaterra, no Marajó, que resultou na publicação de um artigo em um revista de circulação nacional chamada “Diálogo”.
No artigo, os professores relatam que a escola há alguns anos apresenta temas importantes nos desfiles de 07 de setembro. “O tema sugerido para 2008 foi à diversidade religiosa, mas não foi aprovado. Ficou então, restrito às turmas de 6ª série que representaram a disciplina Ensino Religioso”, diz Rodrigo Santos. Segundo os professores, as turmas enfatizaram o respeito, o diálogo e a tolerância religiosa no município de Salvaterra, ‘de modo a favorecer um conhecimento maior sobre as tradições religiosas existentes na comunidade e possibilitar o contato, a apreciação e o sentimento de respeito ao novo e desconhecido’.
Para isso, foi enviada uma carta-convite para uma reunião com as lideranças religiosas. Compareceram o sacerdote católico, um pastor, dois babalorixás e uma ialorixá. “A reunião focou a formação integral cidadã dos alunos e a possibilidade de conhecimento do Fenômeno Religioso e os líderes religiosos mostraram preocupação e interesse em contribuir para que a sociedade de Salvaterra se torne mais consciente de suas crenças e responsabilidades”, argumentam os professores.
Desfile ganhou apoio de diversos líderes
“Para o desfile, seria criada, uma personagem chamada Sagrado, que expressaria a compreensão do Transcendente em todos os segmentos religiosos. Seria um aluno negro, quebrando assim um estereótipo. Trajado por uma túnica de várias cores, representativas das diversas religiões, teria uma grande simplicidade e seriedade, capaz de transmitir fé, força e segurança, valores comuns a todas as tradições religiosas”, diz o artigo.
Os alunos representaram o catolicismo, o protestantismo de fronteira, o pentecostalismo, a umbanda, o candomblé, a pajelança cabocla. Foram acompanhados de algumas lideranças como o pastor da Igreja Adventista, a líder da Fé Baha’í, pais-de-santo e uma mãe-de-santo com vários seguidores, muito bem caracterizados. Integrou-se depois um grupo da Igreja Adventista, Os Desbravadores, acompanhados do pastor e também crianças pertencentes à Igreja do Cordeiro, todas caracterizadas.
“Chegamos a ser acusados pela prefeitura de ‘ensinar macumba’ em sala de aula, coisa que nunca ocorreu”, diz Rodrigo Santos. O prefeito de Salvaterra é membro da igreja Assembleia de Deus.
No início do ano, a professora Maria do Carmo foi exonerada. Em agosto foi a vez de Rodrigo dos Santos. Os alunos chegaram a fazer manifestações contra a saída do professor, mas a demissão se manteve.
“Infelizmente, mesmo publicando um trabalho de referência nacional hoje nós estamos desempregados por cumprir as leis da educação num território negro que possui hoje 15 comunidades quilombolas reconhecidas, mas nem sequer têm o direito ao respeito e ao conhecimento da sua própria história e cultura”, diz o professor. (Diário do Pará)