sexta-feira, 11 de junho de 2010

100 anos do Ilê Axé Opô Afonjá traz história, beleza e cultura negra para Assembléia Legislativa


Em meio a tambores, tecidos brancos de Oxalá, orações e canções em yorubá, a sessão especial comemorativa dos 100 anos do Ilê Axé Opô Afonjá reuniu parlamentares, representantes da sociedade civil, de terreiros e do Estado. O evento ocorrido na manhã desta sexta-feira (11) transformou o plenário da Assembléia Legislativa em um grande encontro em homenagem às raízes africanas através do Candomblé e às iyalorixás (mães-de-santo) que a frente desse templo religioso fizeram história na Bahia.

O deputado estadual Bira Corôa destacou que este momento de reconhecimento e homenagem consagra e abrilhanta a caminhada dos ancestrais africanos pela preservação histórico-cultural. Bira ainda pontuou em sua fala o marco histórico conseguido com a luta de Mãe Aninha, a fundadora do Opô Afonjá, que conquistou a liberação legal do culto aos orixás, depois de uma audiência no Rio de Janeiro, em 1937 com o presidente Getúlio Vargas. “Agradeço pela resistência e existência do Ilê Axé Opô Afonjá, pois a nossa essência não está na epiderme, está sim na razão de ser negro”, concluiu o deputado.

Os deputados federais Zézeu Ribeiro (PT-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA) reconhecendo o encanto de Mãe Stella de Oxóssi, lembraram a importância do Templo Religioso e a força da mulher na história do país. “Hoje estamos comemorando os 100 anos do Ilê Axé Opô Afonjá, que é uma referência nacional reconhecida pelo seu trabalho”, afirmou Zézeu. Lídice agradeceu o deputado Bira Corôa pelas introduções da cultura e religiosidade de matriz africana que o parlamentar tem realizado na Assembléia Legislativa.

O diretor do Irdeb Pola Ribeiro informou que o Candomblé de São Gonçalo (o Opô Afonjá) reúne ternura, força e acolhimento dentre tantas outras qualidades que possui. “Quanto mais aprendo, mais ignorante me sinto com a complexidade de conhecimento do Opô Afonjá”, disse Pola.

Segundo a juíza Luislinda Valois a homenagem a Mãe número 1 da Bahia veio tarde, mas felizmente foi lembrada e parabenizou o deputado Bira Corôa, pela sessão e por defender a promoção da igualdade.

Valois versou sobre a dificuldade de ser negro no Brasil, mas ressaltou que estamos vivendo um momento de mudanças. “É tempo da África, do Brasil, da Bahia, é tempo do empoderamento do negro”, concluiu a juíza.

Edvaldo Brito, vice-prefeito de Salvador, apresentou um cântico em Yorubá e concluiu sua fala afirmando o quanto era bom estarem todos juntos em um grande abraço.

O adido Cultural da Nigéria fez uma oração também em Yorubá complementando em sua fala que o Ilê Axé Opô Afonjá se tornara para o candomblé da Bahia um pilar de humanidade, de amor e de compaixão.